terça-feira, 30 de novembro de 2010

Hoje me apaixonei


Hoje me apaixonei.
Ele passou por mim, eu o segui com os olhos até perdê-lo de vista, mas minutos depois, já no meu destino enquanto esperava sentada alguns amigos chegarem, vi de relance... Era ele! Estava parado logo ali, bem na minha frente, aparentemente também esperando por algo ou alguém com um baralho nas mãos.
Ficou ali, distraído com as cartas e eu observando todos os gestos que se pareciam com um mágico que brinca, embaralhando cartas para distrair a platéia... E eu era sua platéia.
Longos minutos se passaram e entorpecida por aquela imagem até me esqueci do que fazia naquele banco.
Senti um frio correr por meu corpo e as bochechas rapidamente queimarem quando nossos olhares se cruzaram e eu tentei fingir que não o estava encarando, mas ele sorriu.
Imediatamente levantei e resolvi esperar em outro lugar, desviei o olhar e passei ao lado dele. Algumas cartas caíram. Parei de repente para olhar e automaticamente me abaixei para ajudar a pegá-las. Ainda abaixados entreguei as cartas a ele e levantei. Ele me agradeceu e sorriu. Respondi com um sorriso e me virei para continuar a andar.
Dei apenas um passo e senti a mão dele no meu braço, assustada olhei para trás.
Ele desceu sua mão até a minha e me puxou delicadamente até ele olhando nos meus olhos. Permaneci imóvel deixando que ele me controlasse.
Sua outra mão subiu por meu braço até meu rosto. Segurando-o delicadamente e sem nada dizer levou meus lábios aos dele. Naquele instante deixei meu medo e me entreguei ao momento.
Sentia sua mão a acariciar meu rosto e minha nuca, seu corpo contra o meu. Sentia seus lábios macios com os meus e sua língua passeando pela minha boca.
Lentamente diminuímos a intensidade até parar olhando no fundo de seus olhos.
– Cheguei! – Gritou um amigo ao meu lado percebendo minha distração. Bruscamente arrancada daquele sonho me assustei e levantei sem graça acompanhando meus amigos.
Passamos ao lado dele, que sequer me olhou, em momento algum, nem nos viu passar. Olhando de tempos em tempos para trás o perdi de vista novamente. Quando voltamos vasculhei cada rosto a procura d‘Ele, mas não o encontrei uma terceira vez.
Agora em casa, minha maior certeza é de que nunca mais o verei. E ele nunca saberá o quanto mexeu comigo.
A vida segue, e ele segue comigo, em lembranças do que nunca aconteceu.